Acordo de um sonho longo e estranho.
A mente no despertar prega peças, assim escuto risadas de
crianças mas acho que não existem mais crianças, não por aqui. O olho aberto
observa um teto branco com aranhas nos cantos, não me parecia familiar. Cheiro
de café fresco. Me animo confuso e sentado na ponta da cama compreendo que não
estou no meu velho apartamento, me vejo nu em um espelho grande e percebo meu
corpo desgastado e a ação do tempo sobre a pele que se acumula. Algo não estava
certo. Ainda sonolento visto calças que encontro no chão perto da cama, não
pareciam ser minhas, pois ficavam curtas demais. Ando na ponta dos pés sem
fazer barulho. Busco na memória alguma recordação que justifique estar onde
estou, mas tudo do que me lembro são anões montados em porcos em um parque de
diversões, imagens ainda do estranho sonho que tive momentos antes de acordar.
Ao virar em um corredor chego a cozinha. E nela diante do
fogão uma garota prepara o café. Veste apenas uma camisa branca exibindo as
melhores partes de suas nádegas. Ela não nota minha presença. Por isso fico
ainda desfrutando da visão de seu corpo curvilíneo e firme, uma ereção se
inicia lentamente.
Ela canta uma canção que eu também não conheço. Dança
movimentando as pernas e o quadril, tem uma risada aguda que lembra desenhos
antigos. Quando subitamente se vira me flagra encostado no batente da porta,
semi nu, com o tesão abafado pelas calças curtas e uma expressão lasciva no
rosto. Bom dia papai. Ela diz. Me pegou de surpresa. Me atrapalhei com os meus
pensamentos. Por quanto tempo eu havia dormindo?
Saltitante ela vem e me traz um cigarro, que coloca apoiado
em meus lábios, busca sobre a mesa um isqueiro e dessa vez evito olhar para suas
nádegas expostas.
- Eu sou seu pai? - pergunto soltando a fumaça da primeira
tragada.
Ela da uma risada infantil e diz que se fossemos pai e filha
o que havíamos feito na noite anterior seria um tremendo pecado. A ereção que
havia sido prejudicada pela crise de moralidade paterna começa a ganhar forças
novamente.
Sentamos e bebemos café em silêncio. Ela come torradas e não
como nada.
Ela me puxa pelos braços e me arrasta pelo apartamento, numa
breve passagem pela sala noto dezenas de garrafas espalhadas pelo chão, algumas
novas e outras velhas, cinzeiros lotados, maços pisados. Desenhos nas paredes.
Do alto da janela noto a cidade amanhecendo. Ela está vazia.
Ruas solitárias habitadas pelos jornais que voam com o vento.
- Onde estão as pessoas?
- Em quarentena. Você não soube? - ela responde a minha
pergunta desabotoando a camisa branca masculina que vestia.
- Não. Eu não soube. Por quanto tempo eu dormi?
- Tempo demais papai! - Ela responde jogando a camisa de
lado e se deitando nua no sofá. Seus pequenos seios são como duas frutas ainda
não maduras. Sua pele é clara e sem manchas, diferente da minha. Ela desliza a
mão entre as pernas macias. Alcança uma garrafa debaixo do sofá e bebe do bico.
Eu havia dormido tempo demais.
2 comments:
Vc é foda!
Que maravilha Samuel leu isso!
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