Monday, November 22, 2010

Na minha cadeira de praia amarela
Fico sentado na beira da calçada
Deixando o tempo passar
Bebendo cerveja e olhando os carros
Esperando alguma coisa acontecer ou alguém aparecer
Uma espera sem razão nenhuma
Saudade de um tempo que não chegou
De uma vida que não vivi

Talvez as coisa melhorem
Talvez não
E não existe ninguém que entenda
O que cada um pensa
E o que se passa nas muitas cabeças pensantes
E de todos os sonhos não realizados
Paixões e amores amados
E ainda existe algo de muito errado acontecendo
É preciso fazer algo a respeito!

Monday, November 01, 2010

Acordei e levantei, depois sentei.
No sofá.
Olhei as garrafas. Havia muitas vazias, outras pela metade, algumas quebradas.
Me lembrei dos chinelos, mas não consegui encontrá-los.
Eu sou mais feliz quando estou de ressaca.
Quando estou de ressaca penso uma coisa de cada vez.
É melhor assim.
Desta vez em pé, na porta, eu pensei:
“Cara! Ontem eu quebrei tudo!”
De repente uma sensação estranha me veio, tudo estava em silêncio, algo subiu pelas minhas pernas , alguma coisa quente, subiu pelas pernas e atravessou o corpo, e morreu atrás dos meus olhos.
Uma imagem sua veio na minha mente.
Eu achei que fosse a ressaca. Mas era saudade.

Wednesday, August 25, 2010

De madrugada meu carro navega como um navio em um rio de asfalto, as luzes piscam sozinhas por toda a cidade, portas fechadas, gatos sorrateiros e uma cortina de fumaça que sai dos bueiros se abre para a passagem do meu navio.

Existe um silencio diferente a noite que você quase pode ver, diferente do dia, onde as portas estão abertas, as pessoas passam por elas num entra e sai frenético de consumismo, dinheiro e sexo.

Em um mundo onde as aparências enganam, existem salas enormes com mesas enormes e pesadas com pessoas enormes, pesadas e poderosas que não dão a mínima pra você, ou pra mim, só pensam em conseguir mais por menos, até que nada mais exista, e esses porcos do alto de seu prédios não conseguem enxergar que existem milhares de amantes disfarçados espalhando lindos sorrisos e gentilezas, existem corações apaixonados e um coração diferente de todos os outros, que navega suave como uma música, tão solitário que carrega consigo a melancolia de milhares de almas e lagrimas e que de madrugada se conforta no calor de uma bebida barata.

Esse é o meu coração.
Ele pode fazer tudo o que quiser.
Mas insiste em fazer sempre a mesma coisa.
Se preocupa em bater o dia todo e não percebe por onde navega.

Saturday, July 03, 2010

Cheguei mais cedo, como de costume, pra pegar uma mesa boa perto da banda, mas aquela era uma noite especial, e os lugares já estavam ocupados, só restava dois bancos no balcão, ocupei de imediato um deles, deixando o outro vago ao meu lado, um espaço vazio esperando uma bunda para aquecê-lo, o banco e eu.

A garçonete veio driblando todos os bêbados com a bandeja cheia de copos vazios, ou com a bandeja vazia de copos cheios, passou por mim e fingiu que não me viu, deixou todos os copos e saiu em disparada novamente, aquela garçonete, a baixinha, houve um tempo em que eu me jogava aos seus pés e implorava por um encontro, ela me humilhava na frente dos meus amigos, aquela garçonete, nunca me deu bola, nunca me deu nenhuma chance, mas agora eu estava em outra, meu coração era uma gaiola vazia, e havia esquecido aquela garçonete.

A banda começou, e eu realmente queria aproveitar a musica naquela noite, escutar com atenção toda aquela boa vibração, que vinha do palco direto para os meus ouvidos. O banco ao lado havia sido ocupado por uma garota, enquanto o namorado ficava de pé ao seu lado, mas poderia ser o irmão dela também, não havia como saber naquelas circunstâncias, ela me emprestou o fósforo que acendeu o cigarro que eu segurava entre os dedos, o que de alguma forma me fez lembrar que eu ainda não havia bebido nada, e a minha saliva estava se acabando.

Justamente ela, a baixinha, veio pra me atender, perguntou o que eu queria, - você sabe o que eu quero! – respondi sem olhar para ela, porque eu sabia que ela sabia realmente o que eu iria beber, Run, um pedido bem simples feito pelo menos uma centena de vezes desde que eu comecei a freqüentar o bar, ela bateu o pé, levantou o nariz e disse – pois bem, irei trazer o seu Run, senhor! – e saiu me dando as costas, eu estava me aquecendo com ela.

A noite e a banda seguiam em frente, e eu continuava a ignorar a baixinha, sempre que podia reclamava da dose que me serviam, fazia questão de utilizar de toda a falta de educação possível, e ela me olhava furiosa, me respondia com tanta raiva que chegava a cuspir em mim, eu tirava o lenço do bolso para expressar o meu desdém, e soprava a fumaça do cigarro na sua cara, naquela altura eu tinha o controle total da situação, ela se sentia inferior, ela era inferior, a garçonete baixinha.

No goró eu viajei, e tomei demais.
Paranóia delirante, eu tô na paz.

Bêbado eu via o bar se esvaziar, e debruçado sobre o balcão contava os meus copos, a garçonete passeava com a vassoura empunhada, mas não varria nada, acho que tentava me irritar, conseguiu eu confesso.

Esperei todo mundo ir embora, dei uma boa encarada nela, puxei a fumaça com força, soprei com mais força ainda – ei você! baixinha! vêm aqui que eu preciso lhe falar! – ela veio toda raivosa, já preparando algum tipo de resposta pra minha grosseria e disse assim que se aproximou – o que é? pode falar, senhor Carlos Caseiro! – eu dei uma breve gargalhada, olhei fundo nos olhos dela, bem fundo mesmo, ela sentiu, eu senti que ela estremeceu e arrepiou por debaixo do avental, peguei suas mãos e trouxe junto ao meu peito, as palavras saíram com sinceridade – se soubesse as coisas que quero fazer com você, mudaria todos os seus planos – por essa ela não esperava, eu a acertei em cheio, ela deixou cair a vassoura, saiu sem responder.

Depois voltou alegre com uma boa dose de Rum – toma! essa é por conta da casa! – disse e sorriu em seguida, e quando sorriu ela iluminou o salão vazio, seu rosto feliz arremessou pra longe toda a minha tristeza, foi um momento de pura felicidade, tudo com apenas um sorriso, ela dançou em direção a porta da cozinha enquanto eu retomava o fôlego e tentava não afogar na minha paixão, antes de entrar ela parou e olhou por cima do ombro, lançou um sorriso delicioso, que até hoje me tira o sono.

Wednesday, June 16, 2010

È noite na minha cidade.
E quando é noite da minha cidade, tudo pode acontecer.
As pessoas trafegam pelas ruas como formigas numa selva, o lixo se acumula nas calçadas, a fornicação e o dinheiro fedem por toda parte e alguns mendigos esquecidos dormem nas praças.



O sol nasce e com ele uma vontade súbita de voar, como se fosse possível a mim, tentei em vão pelas escadas e pela janela, andei sorridente pela rua, fiz da minha alegria caridade espalhando bom dias e tapinhas nas costas dos desconhecidos pela calçada em direção a padaria, dessa vez não comprei cigarros, levei pra casa frutas e leite, e uma revista sobre esportes, que li na varanda sentado na cadeira de praia, vi uma nuvem se transformar em um coração e depois ganhar asas e voar. Era impressionante a minha vontade de amar, sentia o calor do sol esquentar meus pés, sentia o vento nos cabelos, o ar puro da manhã, e tinha a absoluta certeza que iria ser um dia perfeito, desses dias que são únicos em uma vida inteira.
Tomei um longo banho quente.
Vesti a minha camisa preferida.
Sentei em um banco qualquer na praça da igreja.
Iria ser um dia perfeito.
Estava ansioso pra te conhecer.
E saber que você iria se tornar o amor da minha vida.

Carlos Caseiro.

Sunday, May 23, 2010

Se você quer ser feliz,
nem tente.
é impossível.

Wednesday, March 10, 2010

Por trás dos meus olhos existe uma consciência confusa pensante que guia o resto da minha própria existência pelo mundo, por caminhos não tão fáceis, e lugares digamos não tão iluminados. O que acontece é fantástico demais para não ser visto, para não ser contado, a nossa experiência se une à outras experiências, e nossas vozes se confundem em um único ruído, mesmo sem ter ninguém pra escutar, e pensamos, que a vida é na verdade uma seqüência de decepções, desde o dia em que abandonamos o útero de nossas queridas mamães – nosso verdadeiro lar – e saímos por aí fazendo com que nossas pernas sigam as ordens da nossa consciência, e passamos a vida esperando a morte, e pela decepção final.

Dentro do peito, meu coração é um músculo involuntário, e ele ainda bate somente pra te agradar, por que se fosse por mim, eu o desligaria e colocaria meu coração gelado dentro de uma caixa trancada, com uma chave perdida, esquecida no tempo. Eu seria imune, eu seria forte e confiante, seria um rei, se não tivesse um coração, se não me apaixonasse com tanta intensidade, e não me afogasse em sentimentos e pulsações incontroláveis do meu peito.

Assim eu caminho lentamente sempre avante.
Consciência e coração.
Realidade e ilusão.
E com a certeza, que mesmo com os caminhos tortuosos, com os espinhos e pés descalços, ainda vai chegar o fim. E o melhor ainda está por vir.

Saturday, February 06, 2010

Acho que foi em uma sexta-feira que aconteceu, fez muito calor de dia e a noite chovia forte com relâmpagos. Eu não conseguia dormir por isso arrastei meu colchão para a sala e fiquei assistindo televisão, e a programação da madrugada não estava realmente muito boa, mas não havia muito o que se fazer de qualquer forma, não havia bebidas na geladeira, nem no armário ou debaixo da cama e fez com que a vida ficasse mais escura.

A vida é dura.

Era impossível não pensar em você.
Tão linda.
Que invadia meus sonhos me deixava sem saída. Todos os dias eram assim e uma lembrança doce sua me vinha à cabeça quando eu estava distraído, era a única coisa boa que me acontecia, me fazia querer ser uma pessoa melhor só pra te agradar e te ver feliz, espantar todas as suas tristezas que eu não conhecia por estar longe, e por eu ser uma pessoa difícil e solitária.

O cigarro acabou. E o meu tempo também. De dentro da bolsa de couro minha mão traz consigo uma arma fria, pesada e carregada. Mesmo contra minha vontade consciente eu aponto o revolver contra minha orelha e puxo o gatilho com os dedos trêmulos.
Ainda me lembro do zumbido agudo que ficou na minha cabeça, de ver pedaços do meu cérebro espalhado pelo chão e de acompanhar o final de um comercial de sabão em pó, que passava na TV.
O tempo de hesitar passou.
Depois o silencio.
Depois você.
Só você.


Acho que se apaixonar é uma forma de suicídio, de saudade, mesmo quando se esta por perto, enroscado em braços, e com cabelo na boca sentindo o cheiro do seu corpo, te olhando nos olhos do jeito que eu gosto de fazer, pra afogar na sua boca e esquecer da vida.

Wednesday, January 27, 2010

Eu não quero mais escrever.

Eu não quero mais trabalhar.

Não quero mais acordar.

Quero agora é fumar cigarros na janela observando as pessoas na rua.

Agora vou beber minhas garrafas que estão no armário e não quero mais comida também.

Quero ver as pessoas que eu amo.

Não quero ver as pessoas que eu não amo.

Pensando bem eu quero é ser feliz.

Mas também eu quero ser livre;

Liberdade e felicidade são coisas difíceis de se encontrar, eu ando procurado tanto que agora eu cansei.

Agora estou cansado.

E não quero mais fazer nada.

Não quero passar meus dias no calor.

Quero que os dias passem por mim como chuva.

Alagando minha mente, fazendo meu coração transbordar.

Eu não quero mais acordar.

Quero o bem para as pessoas.

Quero a salvação pra todos.

Não quero ir na contramão,

Eu quero mesmo é sair da estrada.

Sunday, January 10, 2010

Meu grito mudo é um uivo solitário na noite quente, agora que eu já não consigo dormir direito e no meu peito bate uma bomba relógio porque meu coração foi feito em pedaços, porque a estrada tem que ser tão cheia de curvas e a vida ser algo tão difícil de se acertar, a felicidade parece ser algo inatingível.

Os meus pensamentos não fazem sentido pra ninguém, nem pra mim, que ando na chuva a procura de rostos familiares, um olhar me perfura a alma e me atinge em cheio, por um instante eu achei que era feliz, mas foi no momento que eu pensei ter encontrado alguém que não existe e não quer ser encontrado, ou faz de tudo pra se esconder de mim, desse jeito fica difícil chorar, e depois que eu fui prestar atenção nas palavras que eu mais uso, são palavras tristes, são palavras que fazem parte de mim, coisas que eu mesmo inventei, respostas erradas para uma pergunta que não deveria ser feita, numa vida que não deveria existir.
Aí eu já não sei de mais nada, eu perdi o final do filme e fiquei sem entender a história, acho que peguei no sono no momento mais importante, e quando eu acordei tava tudo escuro, sem ninguém pra me ajudar, sem você pra me guiar, sem gelo no meu Martini, sem fósforo para meu cigarro, sozinho, nada.