Sunday, December 06, 2009
Friday, November 20, 2009
Coloco meus pés no alto da janela e observo a silhueta que se forma em contraste com a lua cheia em um céu vazio e sem estrelas, e a fumaça dos meus cigarros faz arder os olhos e o cheiro me infesta o nariz, mas mesmo assim eu continuo a tragá-los pelos simples prazer instantâneo.
O som do gelo se debatendo com o vidro do copo do meu Martini me traz de volta ao meu quarto e me faz esquecer dos pés e da lua.
Motos barulhentas e cachorros famintos tiram meu sono e atrapalham o efeito da bebida em mim, me deixam confuso e com a sensação de estar vivendo em câmera lenta, faz minha mente viajar pra longe, em um lugar azul onde se escuta a própria respiração e sempre se está flutuando ou caindo.
O gelo se derrete por completo, e a morte está cada vez mais perto, é triste isso, porque há tanto o que fazer, existem tantos sonhos a serem sonhados, vielas escuras a visitar, bares e banheiros imundos pra cair e o que mais importa agora é buscar mais gelo pra refrescar a bebida, nessa noite tão quente.
Uma mosca na parede desvia por completo a minha atenção sobre tudo, e penso comigo que a minha consciência se afasta para um lugar tão distante que nunca ninguém jamais poderá me encontrar, assim eu me sinto muito sozinho, sem ninguém pra conversar, ou pra dar uma risada sincera.
O gelo se derreteu, a mosca voou pra fora pela janela aberta, o cigarro também acabou.
Só me restou a lua, que logo cedo dará lugar ao sol.
Friday, July 31, 2009
A derrota tem meu nome, e a vergonha tem meu rosto.
Pouco a pouco eu vou me acabando.
Até que não agüento mais.
E é meu fim.
Como sombra.
Que morre a cada esquina vazia.
Mas que renasce a cada luz de cada poste na calçada.
E a cada passo dado por mim, na vontade totalmente minha, eu levo minha sombra pra morrer outra vez. Longe da luz.
Tuesday, July 14, 2009
Diga que um simples sorriso é um olhar platônico
Como ele se afoga em uma capacidade incompleta
É um estranho para todos quando o sentimento chama
Como nos afogamos numa audácia estilística
Carregada de lugares comuns
Toda vez, toda vez, toda vez
Vivemos numa gravidade
Balançamos! nós balançamos tão forte
Como rimos tão alto
Quando alcançarmos isso acreditaremos na eternidade
Eu acredito na eternidade.
Friday, June 05, 2009
As minhas escolhas erradas me levam a fazer escolhas mais erradas ainda. E os meus vícios impedem minhas virtudes de crescerem dentro de mim.
Assisto minha vida ir e voltar num mar de acasos e mais uma vez me vejo em silêncio fumando os MALDITOS cigarros vagabundos que fazem meu pulmão doer no outro dia cedo e de novo as mesmas perguntas, porque as pessoas falam demais? Porque me sinto um otário no meio de otários? Penso se deveria realmente ficar pensando essas coisas enquanto eu talvez tenha coisas mais importantes pra pensar. Tento me distrair com a música, tento me distrair com a bebida, mas tem um catarro escuro na minha alma que eu tento escarrar todos os dias e que me deixa pesado e sem graça, e é sem graça que eu tento entrar na conversa bêbada de pessoas bêbadas em volta da grande mesa, fico repetindo as mesmas palavras pra todo mundo pra ver se todo mundo consegue entender as minhas palavras, mas ninguém entende ninguém, e assim se segue toda a madrugada porque os vizinhos estão furiosos do lado de fora, e era impossível colocar o volume mais alto e falar mais baixo, simplesmente pra poder gritar uns com os outros e por pra fora toda essa tristeza que todo mundo carrega dentro de si, e que eu carrego dentro de mim.
Pouco a pouco eu volto a ficar pensativo.
Em silêncio eu penso em você.
Sozinho mais uma vez eu me deito em uma cama enorme e gelada, na qual eu durmo num sono sem sonhos.
Tuesday, May 26, 2009
A festa acaba e você fica sentado sozinho no escuro.
Foi como abrir a janela e deixar a luz entrar em um quarto escuro e sem graça.
Foi como ganhar sem ter jogado.
Vê-la é como olhar para um anjo.
Escuta-la; como ouvir pela primeira vez.
Dizer-lhe, como confessar ao padre, sentir-se mais leve a cada palavra.
Não dizer nada e trocar olhares tímidos fala mais que todas as palavras de todos os dicionários em todas as línguas conhecidas pelo homem.
Respirar o mesmo ar, sentir o mesmo cheiro, identificar seu perfume, dá alegria aos meus sentidos, e agradecer por eles funcionarem tão bem.
Toca-la.
Senti-la.
Tão perto. Tão distante no passado. Tão vivo nas recordações.
Toca-la.
Na rua vejo sofrimento nos mínimos detalhes e penso tão rápido que tudo parece em câmera lenta, a dor e a tristeza com suor escorre nos olhos das velhas mancas que percorrem grandes avenidas, e a solidão não da trégua para aqueles que dormem tarde, que pensam demais, que sofrem demais.
Mas a dor do solitário é ainda melhor que a dor daqueles que andam por aí, e eu vejo em todos os lugares, percorrendo as ruas, lotando as calçadas e fazendo fila nos bancos, esses que andam por aí, com uma dor tão grande e tão incansável que faz parte da rotina de suas vidas miseráveis, pois desde que deixaram o paraíso já não faz sentido andar por aí, sem lugar nenhum pra ir, sem coisa alguma a se fazer.