Friday, December 11, 2009

Sobre o amor... não desejo nem para meu pior inimigo.

Sunday, December 06, 2009

Parece que evitamos isso por tanto tempo, a espera que durou uma eternidade, agora que finalmente chegou me sinto cansado e sem esperança, as luzes do trem passam pela janela e deixam seu corpo em silhueta, revelando suas formas que me agradam, bêbada você segura um copo com uma mão e uma calcinha amarela desbotada com a outra, calcinha horrorosa e cheia de furos eu dizia, suas pernas ficavam tortas tentando apoiar o resto, seu cabelo caiu sobre o rosto e tampava um de seus olhos, acho que você não queria muito me ver afinal de contas, eu falava com você e via uma barata enorme passar sobre a pia na cozinha, a minha casa também era povoada por baratas, acho que elas estavam me seguindo, me trazendo azar, me deixando triste e enjoado, eu já não entendia suas palavras, e nem você as minhas, tão bêbados que mal podíamos suportar a presença um do outro, e quando a conversa ficou impossível fui convidado a me retirar, já era tempo.Ao sair deixei dinheiro sobre a mesinha no corredor, uma sensação estranha me veio, diferente porem velha, já presenciada mas não praticada, como cair de bicicleta após muitos anos sem tentar, só aí percebi como sua casa era suja, o chão precisa urgentemente de uma vassoura.No trem não foi diferente, mais lixo e sujeira, as pessoas estavam imundas, parecia uma guerra, não sei contra quem é a guerra, mas devo estar participando também, minha aparência não era das melhores, antes tudo parecia bem, as ruas eram limpas e os cidadãos eram agradáveis, a cidade era minha amiga, agora o vento me bate na cara e o velho me cospe na bota, você me mandou embora da sua casa suja e tem um desequilíbrio nisso tudo que tenho que me escorar pelas paredes para não jogar meu corpo no chão, talvez seja esse o mal necessário que todos falam, que nos torna mais humanos e mais idiotas, eu não queria ser assim do jeito que eu sou, eu queria ser diferente de mim, mas fui deixando pra depois e acabei sendo esse corvo solitário que voa atrás da morte, que não ama ninguém, ou que ama a todos, triste das duas formas, triste de qualquer maneira, sem espaço para o sol ou para as flores ou para a porra de borboletas azuis claras do caralho, que voam por aí, servindo de comida para os sapos, alimentando a vida de outra vida, aí já não sei mais o que estou pensando, deveria estar pensando em outra coisa pois é um momento triste esse, que você me mandou embora da sua casa, que nossos corpos se abandonaram, em saber que já não é mais o fim de tudo, mas o começo de tudo, um degrau abaixo na escada.Eu corri atrás do mal, como todo mundo, agora que ele me bate a porta e se convida pra entrar, pra sentar no sofá que um dia eu sentei, pra apertar os botões do controle como eu fazia, pra ser rei de uma terra que eu amei, eu vejo que não preciso dele, e tenho que pedir pra ele sair, e dar lugar a felicidade, acho que talvez ela possa estar chegando, e se ela não chegar não será nada demais, eu queria ser diferente de mim, eu não queria ser assim, um sapo, eu queria ser a borboleta.

Friday, November 20, 2009

Ontem caiu uma bomba no meu quintal, quebrou as paredes, matou meus amigos e levou pra longe quem eu amava.






Coloco meus pés no alto da janela e observo a silhueta que se forma em contraste com a lua cheia em um céu vazio e sem estrelas, e a fumaça dos meus cigarros faz arder os olhos e o cheiro me infesta o nariz, mas mesmo assim eu continuo a tragá-los pelos simples prazer instantâneo.

O som do gelo se debatendo com o vidro do copo do meu Martini me traz de volta ao meu quarto e me faz esquecer dos pés e da lua.

Motos barulhentas e cachorros famintos tiram meu sono e atrapalham o efeito da bebida em mim, me deixam confuso e com a sensação de estar vivendo em câmera lenta, faz minha mente viajar pra longe, em um lugar azul onde se escuta a própria respiração e sempre se está flutuando ou caindo.

O gelo se derrete por completo, e a morte está cada vez mais perto, é triste isso, porque há tanto o que fazer, existem tantos sonhos a serem sonhados, vielas escuras a visitar, bares e banheiros imundos pra cair e o que mais importa agora é buscar mais gelo pra refrescar a bebida, nessa noite tão quente.

Uma mosca na parede desvia por completo a minha atenção sobre tudo, e penso comigo que a minha consciência se afasta para um lugar tão distante que nunca ninguém jamais poderá me encontrar, assim eu me sinto muito sozinho, sem ninguém pra conversar, ou pra dar uma risada sincera.

O gelo se derreteu, a mosca voou pra fora pela janela aberta, o cigarro também acabou.
Só me restou a lua, que logo cedo dará lugar ao sol.

Friday, July 31, 2009

Debaixo do chapéu meu corpo anda em passos longos e apressados, acompanho com os olhos no chão a minha sombra silenciosa, nascer e morrer a cada poste em cada esquina vazia, a luz se afasta levando consigo não somente a claridade, mas também a lucidez dos meus pensamentos, como uma criança com medo do escuro e a cada passo mais distante da luz no alto do poste, a cada olhar solitário pra lua, me lembro que faz tempo que não choro, as lagrimas foram engolidas pelo silêncio, e abafadas pelo cigarro. Eu só tinha um sonho, um sonho branco e macio, enorme quase gigante, e eu também queria realizar esse sonho meu, mas me vendo agora a andar apressado pela noite com medo do escuro eu me pergunto em que parte do caminho eu me perdi, onde eu me desviei e caminhei para a escuridão, deixando de lado tudo que eu via de bom nesse sonho, e eu só queria ser grande, quase um gigante.

A derrota tem meu nome, e a vergonha tem meu rosto.

Pouco a pouco eu vou me acabando.

Até que não agüento mais.

E é meu fim.

Como sombra.

Que morre a cada esquina vazia.

Mas que renasce a cada luz de cada poste na calçada.

E a cada passo dado por mim, na vontade totalmente minha, eu levo minha sombra pra morrer outra vez. Longe da luz.

Tuesday, July 14, 2009

Hold on.

Diga que um simples sorriso é um olhar platônico
Como ele se afoga em uma capacidade incompleta
É um estranho para todos quando o sentimento chama
Como nos afogamos numa audácia estilística
Carregada de lugares comuns
Toda vez, toda vez, toda vez
Vivemos numa gravidade

Balançamos! nós balançamos tão forte
Como rimos tão alto
Quando alcançarmos isso acreditaremos na eternidade
Eu acredito na eternidade.

Friday, June 05, 2009

As minhas escolhas erradas me levam a fazer escolhas mais erradas ainda. E os meus vícios impedem minhas virtudes de crescerem dentro de mim.


Assisto minha vida ir e voltar num mar de acasos e mais uma vez me vejo em silêncio fumando os MALDITOS cigarros vagabundos que fazem meu pulmão doer no outro dia cedo e de novo as mesmas perguntas, porque as pessoas falam demais? Porque me sinto um otário no meio de otários? Penso se deveria realmente ficar pensando essas coisas enquanto eu talvez tenha coisas mais importantes pra pensar. Tento me distrair com a música, tento me distrair com a bebida, mas tem um catarro escuro na minha alma que eu tento escarrar todos os dias e que me deixa pesado e sem graça, e é sem graça que eu tento entrar na conversa bêbada de pessoas bêbadas em volta da grande mesa, fico repetindo as mesmas palavras pra todo mundo pra ver se todo mundo consegue entender as minhas palavras, mas ninguém entende ninguém, e assim se segue toda a madrugada porque os vizinhos estão furiosos do lado de fora, e era impossível colocar o volume mais alto e falar mais baixo, simplesmente pra poder gritar uns com os outros e por pra fora toda essa tristeza que todo mundo carrega dentro de si, e que eu carrego dentro de mim.
Pouco a pouco eu volto a ficar pensativo.
Em silêncio eu penso em você.
Sozinho mais uma vez eu me deito em uma cama enorme e gelada, na qual eu durmo num sono sem sonhos.

Tuesday, May 26, 2009

Cansado, triste e mais sozinho do que nunca, agora eu me sento no escuro e tento juntar o que sobrou de mim, mas to tão quebrado que me vejo em pedaços por todos os lados, perdido numa nuvem escura e espessa, exausto de nadar contra tudo e todos, só sobrou eu no final, e vejo agora que o prêmio não valeu toda corrida, fazer o que?. são palavras mortas que saem da minha boca e não faz sentido algum pra ninguém, e os cigarros se queimam, os copos se esvaziam e as pessoas vão embora.
A festa acaba e você fica sentado sozinho no escuro.







Foi como abrir a janela e deixar a luz entrar em um quarto escuro e sem graça.
Foi como ganhar sem ter jogado.

Vê-la é como olhar para um anjo.
Escuta-la; como ouvir pela primeira vez.

Dizer-lhe, como confessar ao padre, sentir-se mais leve a cada palavra.
Não dizer nada e trocar olhares tímidos fala mais que todas as palavras de todos os dicionários em todas as línguas conhecidas pelo homem.

Respirar o mesmo ar, sentir o mesmo cheiro, identificar seu perfume, dá alegria aos meus sentidos, e agradecer por eles funcionarem tão bem.

Toca-la.

Senti-la.

Tão perto. Tão distante no passado. Tão vivo nas recordações.

Toca-la.







Na rua vejo sofrimento nos mínimos detalhes e penso tão rápido que tudo parece em câmera lenta, a dor e a tristeza com suor escorre nos olhos das velhas mancas que percorrem grandes avenidas, e a solidão não da trégua para aqueles que dormem tarde, que pensam demais, que sofrem demais.
Mas a dor do solitário é ainda melhor que a dor daqueles que andam por aí, e eu vejo em todos os lugares, percorrendo as ruas, lotando as calçadas e fazendo fila nos bancos, esses que andam por aí, com uma dor tão grande e tão incansável que faz parte da rotina de suas vidas miseráveis, pois desde que deixaram o paraíso já não faz sentido andar por aí, sem lugar nenhum pra ir, sem coisa alguma a se fazer.