Wednesday, March 12, 2008

Carlos Caseiro, quem é você afinal?
Maldito bebedor de vinho quente e barato
Fica sentado em frente ao computador seguindo suas ordens diárias
Chega em casa e deita sobre a roupa suja na cama sem lençol
Trabalha até de madrugada e deixa a namorada preocupada
Gosta de comer com o prato na mão, queima a língua porque não espera a refeição esfriar
Não gosta do sol, não gosta de passar frio, gosta da noite, não gosta de seus dias
É hipócrita e não liga para os mendigos na calçada
Nunca ateou fogo em ninguém
Nunca matou ninguém
Tem ódio guardado dentro do peito aberto e escancarado
Fuma cigarros em pé olhando para o teto
Não sabe o que procura

Quem é você afinal Caseiro?

Quantos são você que vive?
Quantos de você já deixou de lado?

Anda na rua esbarrando em todo mundo
Não olha nos olhos das pessoas
Tem medo dos cachorros sarnentos e podres
Tem coragem suficiente para escutar seu coração
Não liga para que os outros dizem
Preocupa-se com o que os outros pensam

Acredita no fim do mundo
Conhece a força do amor
Se entrega de corpo e alma


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Me diga agora, quem é você?
O reflexo no espelho nada diz
Pergunto novamente, desta vez com menos delicadeza
Quem diabos é você caralho!?
O silêncio é sua resposta
Não adianta, o reflexo só quer saber de beber e fumar cigarros ou biras encontradas no chão do banheiro mas não me diz nada do que eu quero saber, embora a resposta esteja sempre na ponta da língua, talvez estivesse fazendo a pergunta errada, talvez ele esteja jogando comigo, me fazendo acreditar em mentiras, escondendo de mim alguma verdade importantíssima, ou apenas se divertindo enquanto a morte não chega, de qualquer maneira ele não é de muita conversa, até que alguém bate à porta com violência e grita com uma voz rouca do lado de fora possivelmente querendo mijar ou cagar ali, “Porra! Morreu aí dentro Caseiro!?” A pergunta fez o reflexo pensar, acho que agora foi ele quem me perguntou “Você morreu aí Carlos Caseiro? Ou você está vivo?”