Friday, July 22, 2011

Era uma tarde quente, mas havia uma brisa refrescante que assoprava meus cabelos molhados de suor. O céu estava azul claro e o mar estava calmo, era um ótimo dia para se navegar.




No começo eu achei engraçado, pensei - estamos em alto mar mas vamos morrer queimados - o navio pegava fogo e o fogo crescia numa velocidade assustadora, o vento forte levou as chamas para as velas, o pano grosso queimou com raiva e os marujos corriam de um lado para o outro freneticamente levando baldes cheios e trazendo baldes vazios, o papagaio havia sumido, de certo saiu voado, ou já queimou, pobre pássaro.

Um dos marujos veio até mim, e disse – Capitão, o senhor vai ficar aí parado? – do que adianta! – eu retruquei – esse é o fim do nosso querido navio! Junte suas coisas, chame os melhores homens, vamos pular fora no ultimo bote que ainda não queimou!

Ele correu feito o diabo entre as labaredas enquanto eu não largava o leme, não para tentar guiar o navio em chamas, mas para me apoiar em alguma coisa, tinha uma dorzinha no joelho que me incomodava e me atrapalhava a ficar em pé.
Os homens abandonaram os baldes, começaram a abaixar o bote pelas cordas, o contramestre veio até mim ofegante, - Capitão, não podemos abandonar o navio! Existem documentos e mapas importantes que ainda podem ser resgatados! – O que você está esperando homem, vá buscá-los imediatamente! – eu ordenei com sarcasmo, ele olhou contra as chamas e vacilou por um momento, voltou-se pra mim, – Capitão! Não podemos partir assim, e deixar homens pra trás, pra morrer queimados ou afogados! E os protocolos?! – Olhe a sua volta homem! – ele olhou a sua volta e eu disse com ferocidade, - Que se dane os protocolos!

Os homens que não couberam no bote voltaram a trabalhar com os baldes, mas era inútil.
O bote foi se afastando do calor, o vento fresco movimentava meus cabelos molhados, um dos homens pulou do navio, era o contramestre, foi uma queda e tanto, mas ele veio nadando até nós, carregando um baú enorme pelas alças. Agarrou na borda do bote e não queria largar o baú, toda vez que tentava pular pra dentro o peso lhe puxava pra fora, ficou nessa um tempo, depois ficou cansado e sonolento, soltou o bote, soltou o baú e afundou lentamente.

O baú ficou boiando um tempo.
Um dos homens usou um remo e trouxe o baú pra perto.
Dois dos homens puxaram o baú pra dentro.
Dentro do baú havia dezenas de garrafas de Rum.

O contramestre morreu com honra.
Sua vida iria ser contada pelos bardos de todo o continente, seus feitos heróicos seriam lembrados pelos seus netos.

Sem dúvida foi um grande homem!.