Debaixo do chapéu meu corpo anda em passos longos e apressados, acompanho com os olhos no chão a minha sombra silenciosa, nascer e morrer a cada poste em cada esquina vazia, a luz se afasta levando consigo não somente a claridade, mas também a lucidez dos meus pensamentos, como uma criança com medo do escuro e a cada passo mais distante da luz no alto do poste, a cada olhar solitário pra lua, me lembro que faz tempo que não choro, as lagrimas foram engolidas pelo silêncio, e abafadas pelo cigarro. Eu só tinha um sonho, um sonho branco e macio, enorme quase gigante, e eu também queria realizar esse sonho meu, mas me vendo agora a andar apressado pela noite com medo do escuro eu me pergunto em que parte do caminho eu me perdi, onde eu me desviei e caminhei para a escuridão, deixando de lado tudo que eu via de bom nesse sonho, e eu só queria ser grande, quase um gigante.
A derrota tem meu nome, e a vergonha tem meu rosto.
Pouco a pouco eu vou me acabando.
Até que não agüento mais.
E é meu fim.
Como sombra.
Que morre a cada esquina vazia.
Mas que renasce a cada luz de cada poste na calçada.
E a cada passo dado por mim, na vontade totalmente minha, eu levo minha sombra pra morrer outra vez. Longe da luz.