Wednesday, August 25, 2010

De madrugada meu carro navega como um navio em um rio de asfalto, as luzes piscam sozinhas por toda a cidade, portas fechadas, gatos sorrateiros e uma cortina de fumaça que sai dos bueiros se abre para a passagem do meu navio.

Existe um silencio diferente a noite que você quase pode ver, diferente do dia, onde as portas estão abertas, as pessoas passam por elas num entra e sai frenético de consumismo, dinheiro e sexo.

Em um mundo onde as aparências enganam, existem salas enormes com mesas enormes e pesadas com pessoas enormes, pesadas e poderosas que não dão a mínima pra você, ou pra mim, só pensam em conseguir mais por menos, até que nada mais exista, e esses porcos do alto de seu prédios não conseguem enxergar que existem milhares de amantes disfarçados espalhando lindos sorrisos e gentilezas, existem corações apaixonados e um coração diferente de todos os outros, que navega suave como uma música, tão solitário que carrega consigo a melancolia de milhares de almas e lagrimas e que de madrugada se conforta no calor de uma bebida barata.

Esse é o meu coração.
Ele pode fazer tudo o que quiser.
Mas insiste em fazer sempre a mesma coisa.
Se preocupa em bater o dia todo e não percebe por onde navega.