Friday, November 20, 2009

Ontem caiu uma bomba no meu quintal, quebrou as paredes, matou meus amigos e levou pra longe quem eu amava.






Coloco meus pés no alto da janela e observo a silhueta que se forma em contraste com a lua cheia em um céu vazio e sem estrelas, e a fumaça dos meus cigarros faz arder os olhos e o cheiro me infesta o nariz, mas mesmo assim eu continuo a tragá-los pelos simples prazer instantâneo.

O som do gelo se debatendo com o vidro do copo do meu Martini me traz de volta ao meu quarto e me faz esquecer dos pés e da lua.

Motos barulhentas e cachorros famintos tiram meu sono e atrapalham o efeito da bebida em mim, me deixam confuso e com a sensação de estar vivendo em câmera lenta, faz minha mente viajar pra longe, em um lugar azul onde se escuta a própria respiração e sempre se está flutuando ou caindo.

O gelo se derrete por completo, e a morte está cada vez mais perto, é triste isso, porque há tanto o que fazer, existem tantos sonhos a serem sonhados, vielas escuras a visitar, bares e banheiros imundos pra cair e o que mais importa agora é buscar mais gelo pra refrescar a bebida, nessa noite tão quente.

Uma mosca na parede desvia por completo a minha atenção sobre tudo, e penso comigo que a minha consciência se afasta para um lugar tão distante que nunca ninguém jamais poderá me encontrar, assim eu me sinto muito sozinho, sem ninguém pra conversar, ou pra dar uma risada sincera.

O gelo se derreteu, a mosca voou pra fora pela janela aberta, o cigarro também acabou.
Só me restou a lua, que logo cedo dará lugar ao sol.