Ela é o sol e tem a alma imortal.
Assim começava um poema que fiz pra você, que nunca chegou a
ler porque nunca fui capaz de terminar, mas o tempo virou, e o que era sol
virou tempestade, e o dia virou noite, aí o tempo te levou de mim, você foi
trancou meu coração e levou a chave me deixou trancado aqui dentro e apertado
eu vou me sufocando. Perdendo o ar as palavras perdem o sentido, até mesmo pra
mim. E o silêncio talvez possa ser a melhor coisa a dizer.
Sozinho eu sou capaz de escutar coisas que antes eu não
escutava, e tudo parece ficar em câmera lenta, é o tempo passando, são as células
morrendo, é a vida acabando.
A única coisa que vive é o cigarro que queima não tragado, e
minha alma parece estar em uma longa e lenta colisão consigo mesmo, e os
pedaços de mim são soltos por aí, e o vento desavisado me espalha de um jeito que
não da mais pra colar, e assim eu estou perdendo um jogo que eu mesmo inventei.
Mas por mais densa que seja a nuvem negra da tempestade,
existe sempre um raio de sol capaz atravessa-la, sua luz capaz de fazer brotar a
menor das sementes, e nascer assim o mais belo fruto, e transformar toda
lagrima em sorriso, toda solidão em amor.
E se do pó é capaz de crescer a vida, do coração trancado é possível
se fazer libertar, e da vida é melhor se fazer viver, porque no peito não
existe mais aquele buraco negro faminto, existe agora uma gaiola vazia, e meu
coração já não está mais em pedaços, ele esta correndo o mundo, junto com o
vento que o arrastou.
.
No comments:
Post a Comment