Então isso é tudo?!
E te vejo de novo, na espreita, esperando pra dizer alguma coisa idiota, ou um comentário extremamente desagradável e desnecessário.
Digo isso assim porque eu te conheço. E conheço o seu tipo. Sou bêbado, não sou retardado!
Sempre atrás de alguma coisa, nunca visto de corpo inteiro você está espera de um escorregão ou de um momento de fraqueza alheia pra soltar uma risada alta e dizer eu; “eu não te disse!”
Mas eu tenho uma novidade pra você Senhor Boca Grande, esse cavalo aqui perdeu suas rédeas, e não corre mais nessa pista.
Eu ando por ruas mal iluminadas e sujas. Convivo com marginais. Me deito com prostitutas.
Você não vai achar dinheiro algum na minha carteira, então não peça nenhum. Estou confortável no fundo do poço e não tenho pra onde ir, sem teto, sem renda eu não me rendo, sem luz e sem comida tenho energia suficiente pra andar por aí sem preocupações, imune ao mundo.
Eu me sinto bem. E essa sensação é minha.
Quando eu chego no bar e paro na porta fumando cigarro e deixando o pouco do cabelo que me resta cair na testa eu sou o sol e minha luz ofusca os olhos. As putas levantam dos colos que estão sentadas e correm ao meu abraço.
O mulherio, quando me vê, fica indócil.
Você fica na parte de dentro do balcão, como se fosse o dono, seu sorriso expõe a sua falta de dentes mas não esconde a sua falta de caráter. Não sou seu inimigo, sou seu adversário, e nunca perco.
A noite avança, as garrafas vão se esvaziando e os cinzeiros vão ficando lotados.
Sem destino e sem futuro meu corpo agora é escravo do caos. Minha alma é parceira do acaso, ando a procura de um lugar pra dormir, de um cantinho pra chamar de lar.
A calçada é meu amparo. Um sofá abandonado é meu trono.
Pois não há lugar como nossa casa.

2 comments:
Caralho! Que força tem esse texto hein... um tiro de canhão no peito da turma.
♡
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