Thursday, October 11, 2007

eram dias tão longos
noites tão curtas
essas que eu passava sempre sozinho

Caseiro você está derrotado sentado na pequena varanda de sua casa em Los Angeles, sua rua e suas palmeiras que dividiam as pistas estavam imóveis e sem movimento, havia uma folha em branco e um lápis pequeno dividindo a mão com um cigarro pela metade esperando para ser tragado, ele foi, e ao voltar deixou cair na folha uma pequena cinza manchando o que estava limpo e dando início a um novo poema que se escreveu.

detalhes
observo-te nos seus detalhes
se boceja ao ver alguém bocejar
se canta músicas cafonas ao acordar
se abaixa a blusinha para tampar a barriga minúscula
sentimentos piegas e contraditórios esses que eu tenho
sempre a te procurar
sempre a te imaginar
sou um romântico a moda antiga
talvez perdido no tempo
talvez encontrando alguma coisa


escrevi de uma só vez e não alterei em nada o que acabara de escrever na folha antes em branco agora manchada pelas cinzas de um cigarro que acabou, escondi o poema, certas coisas que escrevo jamais devem ser lidas por ninguém, terminei o copo de vodka que não era meu e me deitei já meio bêbado mesmo sabendo que não iria conseguir dormir por enquanto, me levantei destranquei a porta do meu quarto e voltei a beber com as outras pessoas, ninguém pareceu ter notado a minha ausência e continuei concentrado escutando a conversa dos outros bêbados, eu sou assim mesmo, sempre te venerando em silêncio, sem que ninguém saiba esse é meu pequeno segredo, o meu amor impossível, meu amanhecer, minha incansável imaginação.

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