eram dias tão longos
noites tão curtas
essas que eu passava sempre sozinho
Caseiro você está derrotado sentado na pequena varanda de sua casa em Los Angeles, sua rua e suas palmeiras que dividiam as pistas estavam imóveis e sem movimento, havia uma folha em branco e um lápis pequeno dividindo a mão com um cigarro pela metade esperando para ser tragado, ele foi, e ao voltar deixou cair na folha uma pequena cinza manchando o que estava limpo e dando início a um novo poema que se escreveu.
detalhes
observo-te nos seus detalhes
se boceja ao ver alguém bocejar
se canta músicas cafonas ao acordar
se abaixa a blusinha para tampar a barriga minúscula
sentimentos piegas e contraditórios esses que eu tenho
sempre a te procurar
sempre a te imaginar
sou um romântico a moda antiga
talvez perdido no tempo
talvez encontrando alguma coisa
escrevi de uma só vez e não alterei em nada o que acabara de escrever na folha antes em branco agora manchada pelas cinzas de um cigarro que acabou, escondi o poema, certas coisas que escrevo jamais devem ser lidas por ninguém, terminei o copo de vodka que não era meu e me deitei já meio bêbado mesmo sabendo que não iria conseguir dormir por enquanto, me levantei destranquei a porta do meu quarto e voltei a beber com as outras pessoas, ninguém pareceu ter notado a minha ausência e continuei concentrado escutando a conversa dos outros bêbados, eu sou assim mesmo, sempre te venerando em silêncio, sem que ninguém saiba esse é meu pequeno segredo, o meu amor impossível, meu amanhecer, minha incansável imaginação.
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